sexta-feira, 20 de março de 2015

Maria Lacerda de Moura: Uma Anarquista brasileira


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“Se, até aqui, a burguesia das castas e do poder governou o mundo, tiranizou oprimidos e explorou os trabalhadores, de agora de adiante, mulheres brasileiras, atentai bem, não haverá nenhuma consideração ao sexo, a idade , a fragilidade feminina, a riqueza ou a posição social”.(Maria Lacerda de Moura)

Maria Lacerda de Moura uma libertária que se comprometeu com a luta das classes populares e da mulher, expõe na citação acima as intenções do anarquismo quanto ao posicionamento da mulher na sociedade. Este posicionamento é baseado na ideia de que a igualdade entre os sexos significa a superação de toda forma de dominação e exploração das trabalhadoras, de toda a sociedade de classe e burocrática, de toda desigualdade econômica, politica e social.


A participação feminina no movimento Anarquista

O movimento operário anarquista, sempre possuiu uma participação feminina menor que a masculina, talvez pela articulação desses grupos partir justamente dos trabalhadores das fábricas, que eram em sua maioria homens. Na esfera intelectual e acadêmica essa diferença é ainda mais relevante, apesar de haver muitas autoras libertárias e feministas, a presença masculina no arcabouço teórico anarquista é predominante. Mesmo dentro do movimento social as mulheres acabavam exercendo o papel de companheiras e cúmplices, ou seja, dentro da logica de dominação continuavam coadjuvantes.(RODRIGUES, 1988)
Apesar da presença limitada, muitas mulheres se destacaram na produção intelectual anarquista, principalmente no fim do século XIX e inicio do século XX. Entre elas destacasse a mineira Maria Lacerda de Moura nascida em 1887. No inicio da século XX suas ações sociais já se destacavam na sua cidade de origem, Barbacena, na qual organizava mutirões para a construção de casas populares e ajudou a fundar a Liga contra o Analfabetismo. Porém foi após se mudar para São Paulo que sua contribuição acadêmica para o anarquismo libertário se tornou inestimável. Maria Lacerda de Moura publicava e colaborar com vários jornais anarquistas da década de 20, como por exemplo "A plebe", no qual produzia textos de pedagogia e educação.
A importância desta mulher anarquista pode ser evidenciada pelo fato que ocorreu em 1928, quando estudantes e trabalhadores invadiram o jornal pró-fascista Piccolo, como resposta a um artigo que diminuía a importância da escritora. Maria Lacerda de Moura, além de pioneira no feminismo brasileiro, foi uma das poucas anarquistas acadêmicas que se envolvia diretamente como o movimento sindical, sendo convidada para palestrar e publicar artigos, por todo Brasil e no exterior. Sua produção acadêmica foi vasta, mas entre seus livros publicados destacasse: Em torno da educação (1918); A mulher moderna e o seu papel na sociedade atual (1923); Amai e não vos multipliqueis (1932); Han Ryner e o amor plural (1928) e Fascismo: Filho dileto da igreja e do capital. A militante é praticamente desconhecida no Brasil, apesar de seu pioneirismo na causa feminista. Antes de tudo via generosamente a luta feminista, como parte integrante do combate social e compartilhada igualmente entre homens e mulheres, para a eliminação de toda exploração, injustiça e preconceito.(RODRIGUES, 1988)

Bibliografia:

RODRIGUES, Edgar. Os Companheiros (vol. 1 a 5). Florianópolis: Editora Insular, 1997-1998.
RODRIGUES, Edgar. Os Libertários. Petrópolis: Editora Vozes, 1988.
LEITE, Míriam Lifchtitz Moureira. Outra Face do Feminismo: Maria Lacerda de Moura. São Paulo: Editora Ática, 1984.

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