sexta-feira, 20 de março de 2015

Maria Lacerda de Moura: Uma Anarquista brasileira


Maria-Lacerda-de-Moura-anarquista.png


“Se, até aqui, a burguesia das castas e do poder governou o mundo, tiranizou oprimidos e explorou os trabalhadores, de agora de adiante, mulheres brasileiras, atentai bem, não haverá nenhuma consideração ao sexo, a idade , a fragilidade feminina, a riqueza ou a posição social”.(Maria Lacerda de Moura)

Maria Lacerda de Moura uma libertária que se comprometeu com a luta das classes populares e da mulher, expõe na citação acima as intenções do anarquismo quanto ao posicionamento da mulher na sociedade. Este posicionamento é baseado na ideia de que a igualdade entre os sexos significa a superação de toda forma de dominação e exploração das trabalhadoras, de toda a sociedade de classe e burocrática, de toda desigualdade econômica, politica e social.


A participação feminina no movimento Anarquista

O movimento operário anarquista, sempre possuiu uma participação feminina menor que a masculina, talvez pela articulação desses grupos partir justamente dos trabalhadores das fábricas, que eram em sua maioria homens. Na esfera intelectual e acadêmica essa diferença é ainda mais relevante, apesar de haver muitas autoras libertárias e feministas, a presença masculina no arcabouço teórico anarquista é predominante. Mesmo dentro do movimento social as mulheres acabavam exercendo o papel de companheiras e cúmplices, ou seja, dentro da logica de dominação continuavam coadjuvantes.(RODRIGUES, 1988)
Apesar da presença limitada, muitas mulheres se destacaram na produção intelectual anarquista, principalmente no fim do século XIX e inicio do século XX. Entre elas destacasse a mineira Maria Lacerda de Moura nascida em 1887. No inicio da século XX suas ações sociais já se destacavam na sua cidade de origem, Barbacena, na qual organizava mutirões para a construção de casas populares e ajudou a fundar a Liga contra o Analfabetismo. Porém foi após se mudar para São Paulo que sua contribuição acadêmica para o anarquismo libertário se tornou inestimável. Maria Lacerda de Moura publicava e colaborar com vários jornais anarquistas da década de 20, como por exemplo "A plebe", no qual produzia textos de pedagogia e educação.
A importância desta mulher anarquista pode ser evidenciada pelo fato que ocorreu em 1928, quando estudantes e trabalhadores invadiram o jornal pró-fascista Piccolo, como resposta a um artigo que diminuía a importância da escritora. Maria Lacerda de Moura, além de pioneira no feminismo brasileiro, foi uma das poucas anarquistas acadêmicas que se envolvia diretamente como o movimento sindical, sendo convidada para palestrar e publicar artigos, por todo Brasil e no exterior. Sua produção acadêmica foi vasta, mas entre seus livros publicados destacasse: Em torno da educação (1918); A mulher moderna e o seu papel na sociedade atual (1923); Amai e não vos multipliqueis (1932); Han Ryner e o amor plural (1928) e Fascismo: Filho dileto da igreja e do capital. A militante é praticamente desconhecida no Brasil, apesar de seu pioneirismo na causa feminista. Antes de tudo via generosamente a luta feminista, como parte integrante do combate social e compartilhada igualmente entre homens e mulheres, para a eliminação de toda exploração, injustiça e preconceito.(RODRIGUES, 1988)

Bibliografia:

RODRIGUES, Edgar. Os Companheiros (vol. 1 a 5). Florianópolis: Editora Insular, 1997-1998.
RODRIGUES, Edgar. Os Libertários. Petrópolis: Editora Vozes, 1988.
LEITE, Míriam Lifchtitz Moureira. Outra Face do Feminismo: Maria Lacerda de Moura. São Paulo: Editora Ática, 1984.

quinta-feira, 19 de março de 2015

O MMA após Ronda Rousey

ap-ufc-157-mixed-martial-arts3.jpg
Ronda Rousey - Lutadora do UFC feminino

Na foto ao lado vemos a lutadora norte americana de MMA (Mixed Martial Arts) Ronda Rousey, que possui 11 vitórias em 11 lutas na categoria peso galo do principal evento esportivo de lutas do mundo, o UFC (Ultimate Fight Championship). Ela é considerada por muitos um fenômeno dentro e fora do octógono, devido a grande mudança que tem feito no esporte mais machista do mundo. (UFC, 2015).
Fazendo uma analogia aos eventos do UFC antes da criação da categoria feminina, podemos analisa-los como mais machistas que as antigas arenas de Roma, onde recebiam os gladiadores para lutar. Isso, pelo simples fato de não haver o público feminino como havia nas arenas romanas, entretanto isso é apenas uma analogia. Antes da presença das mulheres como lutadoras no UFC, podemos observar que o cenário onde ocorria os eventos que envolvem MMA, se limitava apenas a presença de homens não apenas como público pagante, mas também como organizadores, juízes e os próprios lutadores. A mulher nesse contexto de biquíni, apenas para informar as trocas de rounds (MOSCOU, 2011). Então a grande pergunta deve ser feita seria: como trazer as mulheres e o público feminino para os eventos de MMA? Para o UFC a resposta começa com um nome: Ronda Rousey.

A luta contra o machismo no UFC

Ronda pode ser considerada uma das protagonistas no que refere a introdução do público feminino no ambiente do MMA. Isso só foi possível a partir do momento que Ronda “bateu de frente” em inúmeras vezes com o machismo dentro de um esporte muito divido entre gêneros. Vale ressaltar que naquela conjuntura havia outras mulheres nos diversos eventos de luta, entretanto, nenhuma delas tinham o que muitas vezes “sobrava” em Ronda: carisma e talento (POR QUE RONDA ROUSEY…, 2015). Diferente de outras lutadoras, Ronda sempre buscava apresentar e construir uma imagem de uma “mulher forte”, rebatendo em várias ocasiões as críticas que eram feitas em direção a ela ou a suas colegas de profissão. Outra grande questão que deve ser abordada, é o fato da lutadora ser muito técnica em seus combates, resultando em elogios vindos dos mais diversos fãs - principalmente os machistas.
Logo, muitas foram as consequências para o UFC antes e pós Ronda. As mais importantes que podemos observar seria o aumento expressivo de mulheres nas arquibancadas - como público pagante - bem com as inúmeras inscrições de lutadoras femininas que tem sido feita, fazendo com que novas categorias de peso fossem criadas (GERBASI, 2015). Em suma, o que ocorreu foi um ganho “duplo”, para a instituição que passou a ter um aumento da procura por Pay-Per-View e da venda de ingressos para o público feminino, além da criação de um espaço antigamente limitado ao público masculino. O machismo nos eventos de MMA ainda existe, mas vem diminuindo desde a abertura desse espaço dividido entre o público masculino e feminino tem sido importante na luta contra a discriminação da mulher de forma direta no esporte (MASSAMI, 2013).

Bibliografia:

UFC. 2015. Disponível em <Bibliografia I> Acesso em 15 Mar. 2015.
Machismo, Ícone dos Ringues… Varela Noticias. 2015. Disponível em <Bibliografia II> Acesso em 15 Mar. 2015.
UFC Divulga Pôster.... 2012. Disponível em <Bibliografia III> Acesso em 15 de Março de 2015.
MOSCOU, Mari. 2011. UFC e MMA com Outros Olhos. Disponível em <Bibliografia IVAcesso em 15 Mar. 2015.
Por Que Ronda Rousey é o Maior Nome do UFC neste Momento?. 2015. Disponível em <Bibliografia VAcesso em 18 Mar. 2015.
GERBASI, Thomas. 2015. Women’s Wrestling Week Celebrates a Sport on the Rise. Disponível em <Bibliografia VI Acesso em 18 Mar. 2015
MASSAMI, Bruno. 2013. As Mulheres Respondem: Ainda Existe Machismo no MMA? Disponível em <Bibliografia VII Acesso em 18 Mar. 2015

Um "exército" de mulheres em busca da liberdade: Lakshmi Sehgal e o “Rani de Jhansi”


Lakshmi Sehgal é conhecida como uma mulher revolucionaria no movimento de independência da Índia. Nasceu em 24 de outubro de 1914, em Madras (hoje chamada de Chennai) e faleceu em 23 de Julho de 2012 em Kanpur. Ela fazia parte do exército nacional indiano e mais tarde se tornou ministra dos assuntos para mulheres durante o governo de Azad Hind. Em 1940, comandou o regimento Rani de Jhansi, tendo como objetivo derrubar o Raj britânico na Índia colonial. Esse regimento era uma exceção à época, pois seus combatentes eram apenas mulheres e foi nomeado desta maneira por causa de outra revolucionária feminista da Índia, chamada Rani Lakshmlbal, uma das lideres da rebelião indiana em 1857. (CAPTAIN LAKSHMI...,2012; )
Assim como muitas outras, Lakshmi foi uma mulher revolucionária que sacrificou seu tempo e sua vida buscando o que ela acreditava ser certo e para isso lutou contra o sistema e ideologias de sua época. Ao analisarmos a historia, encontramos os homens como “personagens principais” e esquecemos-nos dos grandes feitos de muitas mulheres. Em algumas décadas passadas as mulheres ainda não tinham noção que a união das mesmas podia fazer uma enorme diferença. (WALTERS, 2005) 
 
A homogeneização do debate feminista


A partir do partir do século XIX com o desenvolvimento capitalista em vários Estados, varias mulheres começaram a perceber a existência de outras em várias partes do mundo que compartilhavam um mesmo objetivo: elas podiam realizar grandes feitos,  exercer o mesmo papel dos homens, realizar as mesmas tarefas e serem respeitadas de igual para igual.  Assim, as mulheres começaram a entender a logica socialista, anarquista e comunista, fizeram contatos internacionais, trocaram discussões e experiência entre elas, proporcionando certa homogeneização do debate feminista acerca da participação da mulher, de questões e educação, política, casamento e trabalho e mostraram a necessidade das mulheres em direito ao divórcio, ao voto e a propriedade privada. Ao longo dos séculos elas foram lutando para obter um papel significativo na sociedade com direitos iguais aos direitos que antes eram restritos apenas aos homens.  (WALTERS, 2005) 
Pode-se dizer que Lakshmi Sehgal contribuiu significantemente para o debate feminista. Ela foi uma mulher que, como muitas outras, lutou e continuou lutando até a sua morte pelo que acreditava ser o melhor. Cada fase de sua vida representou uma evolução política: de jovem estudante que ficou atraída para a luta pela liberdade, de líder de um regimento composto por mulheres para  uma médica que ajudava os refugiados e marginalizados da sociedade e por fim para um membro do Partido Comunista da Índia e da All India Democratic Women's Association (AIDWA). (MENON, 2012). Segundo Lakshmi, "a liberdade vem em três formas: A primeira é a emancipação política do conquistador, a segunda é a econômica [emancipação] e o terceiro é o social...A Índia só alcançou a primeira" (LAKSHMI SEHGAL)

Bibliografia:

CAPTAIN LAKSHMI. The Economist. 4 Ago. 2012 Disponível em:< Bibliografia I> Acesso em: 19 Mar. 2015
MENON, Parvathi. Captain Lakshmi Sehgal (1914-2012) - A life of struggle. The Hindu. 24 Jul. 2012. Disponível em<Bibliografia II> Acesso em: 19 Mar. 2015
WALTERS, Margaret. Feminism. A very short Introduction. New York: Oxford, 2005

terça-feira, 17 de março de 2015

Madres de Plaza de Mayo

Mães argentinas protestando na Playa de Mayo em Buenos Aires

Durante a Ditadura Militar na Argentina, 1976 - 1983, o governo seqüestrou, torturou e matou os militantes de esquerda e todos aqueles que se afirmavam contra o regime, a maioria deles eram jovens estudantes que tentavam expressar suas insatisfações com o governo vigente. As pessoas seqüestradas foram tomadas como “Desaparecidas” e o governo passou a omitir ou eliminar qualquer registro que pudesse ajudar as famílias a encontrar os corpos de seus parentes. Além disso, qualquer discussão sobre o assunto era proibida no país. (WOMEN IN WORLD HISTORY CURRICULUM, 1996).
Entretanto, em razão do desaparecimento de seus filhos, um grupo de mães começou, no dia 30 de Abril de 1977, a organizar reuniões todas as quintas-feiras, na grande Plaza de Mayo, em Buenos Aires, com a finalidade de descobrir onde estes jovens estavam e evitar que eles fossem torturados. Elas carregavam fotos dos desaparecidos e usavam lenços brancos remetendo à memória das fraldas de seus filhos e simbolizando a paz. (PONZIO). Este foi o primeiro movimento contra a brutalidade do regime, um movimento sem violência, que foi crescendo e chamando a atenção internacional. (WOMEN IN WORLD HISTORY CURRICULUM, 1996).
Alguns grupos de Direitos Humanos se reuniram para ajudar essas mães a abrir um escritório, onde elas podiam publicar seus próprios jornais e aprender a fazer discursos. Assim, tornou-se cada vez mais difícil para o governo ignorar a presença deste grupo, que como mães, apresentaram um poderoso símbolo moral que se transformou ao longo do tempo, passando de “mulheres que procuravam proteger seus filhos”, para “mulheres que desejavam transformar o Estado de modo a refletir seus valores maternos”. (WOMEN IN WORLD HISTORY CURRICULUM, 1996).

Mulheres desafiando o poder

As Madres de Plaza é um dos mais importantes movimentos femininos em que se apresentam os questionamentos acerca da política ditatorial na Argentina. É importante destacar que a maior parte das integrantes deste grupo eram donas de casa, marcando a presença da esfera privada no espaço público. Alguns livros se destacam por apresentar informações relevantes sobre o movimento, dentre eles, Las Locas de Plaza de Mayo (1983) do jornalista francês Jean Pierre Bousquet. Neste livro, o autor relata a história dessas mães, apresentando depoimentos e recortes de notícias oficiais da época, destacando a necessidade dessas mulheres de serem vistas e terem seus direitos atendidos. (PONZIO, 2007).
Com o aumento das integrantes, inicialmente com 14 mulheres passando para mais de 200, as Madres procuram investir cada vez mais em seus papéis políticos e sociais. É através de seus testemunhos que os assassinos de seus filhos e de outras Madres desaparecidas puderam ser condenados, tornando-se assim um elemento precursor para se atingir a democracia, baseado no enraizamento de um princípio de reparação e de justiça. O corpo dessas mulheres em luta reflete uma imagem afetiva presente na maternidade, o que vai contra a lógica masculina que opõe razão e desejo. (PONZIO, 2007). Deste modo, o que se percebe na luta das Madres é um “poder oriundo da transgressão, ao permitir-lhes atuar como uma força subversiva, contrária à hegemonia representada pela figura masculina do poder”. (PONZIO, 2007, p.3). 
Assim, ao desafiarem o poder, elas incorporam uma imagem política através da conscientização de sua presença como paradigma de sua resistência, fazendo o uso, principalmente, de questões de gênero como estratégia de combate e sobrevivência em meio a um regime opressor. (DUARTE, 2007, p. 2).

Bibliografia:

DUARTE, Ana Rita Fontelles. Nem loucas, nem santas. Universidade Federal de Santa Catarina. Revista Estudos Feministas, vol 15, n.3. Florianópolis, 2007.
PONZIO, M. F. G. de A. A praça da memória: o cenário das Madres de Plaza de Mayo. Revista Palimpsesto, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: <Bibliografia I> Acesso em: 15 Mar. 2015
WOMEN IN WORLD HISTORY CURRICULUM. Speaking Truth to Power Madres of the Plaza de Mayo. 1996. Disponível em: <Bibliografia II>. Acesso em: 15. Mar 2015.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Mulheres que fizeram história em Minas Gerais

Time Araguari
Clube Atlético de  Araguari


O Time Araguari foi a largada para o futebol feminino do Brasil. O grupo nasceu em 1958 em Ouro Preto e foi o primeiro time de futebol feminino do Brasil. Inicialmente era apenas pra ser um time formado para um jogo beneficiente, mas  devido ao sucesso continuou atuando por em campeonatos mineiros. Apesar de atuar apenas por 10 meses, o  time enfrentou a pressão da Igreja Católica e da lei que não permitiam mulheres em esportes “incompatíveis” com seu físico.

Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus
Carolina foi uma escritora conhecida internacionalmente. A mineira nasceu na cidade de Sacramento em 1924 e frequentou a escola por apenas dois anos. Enquanto trabalhando como catadora de papel, Carolina também escrevia denuncias sobre a pobreza e o preconceito vivido pelos negros da época Em 1960 publicou um livro chamado de “Quarto de Despejo” que vendeu 100 mil exemplares no Brasil e mais de 1 milhão no exterior.


Helena Greco

Helena Greco
Helena foi uma belo horizontina que atuou na ditadura miliar pela defesa dos direitos humanos. Em 1977, aos 61 nos se envolveu na defesa de presos e torturados políticos. Pelo seu trabalho, recebeu diversos prêmios de direitos humanos no Brasil e no mundo e foi eleita a primeira vereadora de Belo Horizonte em 1982. O antigo viaduto Castelo Branco em Belo Horizonte é hoje chamado de Viaduto Helena Greco.



Alzira Reis

Alzira Reis

Alzira foi a primeira médica de Minas Gerais. Formada 1920, a mineira enfrentou diversos problemas como a autorização do Ministério da Educação e os argumentos da direção da Faculdade que se preocupava em “como uma mulher iria entrar em contato com os cadáveres masculinos nus?”. Ela foi uma defensora de diversos outros direitos da mulher.



Protagonismos e realizações


Não é difícil se encontrar em blogs, reportagens em revistas e livros didáticos, o famoso “homens que fizeram história”. Os homens estão em todos os lugares, na economia, na ciência, nas artes, nas ações glorificadas e até nos nomes de ruas, praças e monumentos. Mas, e as mulheres? 
À elas, principalmente no Brasil,  não faltou protagonismos e realizações, ultrapassando desafios que contribuíram para o avanço dos direitos das mulheres no Brasil. (MULHERES…, 2015). As mulheres brasileiras viveram situações degradantes durante os séculos e travaram uma luta persistente para conseguir se firmarem como cidadãs portadoras de direitos. Muito ainda falta para ser conquistado, mas refletindo sobre os casos das mineiras comentados acima é possível ver que mesmo a constituição brasileiras, as lei, as regras e até o pensamento brasileiro  da época indo ao contrário do necessidade de emponderamento as mulheres, estas já buscavam sua participação na sociedade. O primeiro time de futebol Feminino, mesmo durando 10 meses, enfrentou a Igreja Católica para continuar jogando, já a primeira médica de Minas Gerais venceu o Ministério da Educação e a própria faculdade para conseguir estudar. O ensino ás mulheres só foi estabelecido às mulheres em 1827 e o direito a cursar uma faculdade somente 52 anos depois em 1879. (BUORNICORE,  2015)


Bibliografia:

DOTTA, Rafaella. Mulheres que fizeram história em Minas. Brasil de Fato. 8 de Março de 2015.                                    
BUONICORE, Augusto. As mulheres e os direitos políticos no Brasil. 2015. Portal Vermelho Disponível em: <Bibliografia I> Acesso em 14 Mar. 2015

domingo, 15 de março de 2015

Eleanor Roosevelt e os Direitos Humanos


Anna Eleanor Roosevelt (1884-1962)
Eleanor Roosevelt, sobrinha do presidente Theodore Roosevelt, nasceu em Nova Iorque em uma família importante que prezava o serviço comunitário. Após a morte de seus pais, em 1882 e em 1884, Eleanor foi enviada para uma escola na Inglaterra e mais tarde, em 1905, casou-se com o político em ascensão e também seu primo ,Franklin Delano Roosevelt, envolvendo-se completamente no serviço público. (SEARS, 2007; UNIDOS PELOS DIREITOS HUMANOS).
Em 1933, quando chegaram a Casa Branca, ela já estava profundamente envolvida em questões de direitos humanos e de justiça social. Seu trabalho consistia em defender os direitos iguais para a mulher, liberdade civil, liberdade de informação, prevenção contra a discriminação e proteção das minorias e os trabalhadores da era da depressão, levando inspiração e atenção às suas causas. Corajosamente franca, apoiou publicamente Marian Anderson, cantora norte americana, quando em 1939 lhe foi negado o uso da Sala da Constituição de Washington, devido à sua raça. Eleanor assegurou que, em vez disso, Anderson cantasse nas escadarias do Lincoln Memorial, criando uma imagem duradoura e inspiradora de valentia pessoal e direitos humanos. (UNIDOS PELOS DIREITOS HUMANOS).
Em 1946, Eleanor foi nomeada pelo Presidente Harry Truman, que sucedeu a casa Branca após a morte de Franklin Delano Roosevelt, em 1945, como delegada das Nações Unidas, permanecendo até 1953. Como líder da Comissão dos Direitos Humanos, ela foi crucial para a formulação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Intitulada como “Primeira dama do Mundo” em razão de suas realizações humanitárias, “Roosevelt trabalhou até o final de sua vida para conseguir a aceitação e implementação dos direitos estabelecidos na Declaração.” (UNIDOS PELOS DIREITOS HUMANOS).
Eleanor morreu de câncer no dia 7 de setembro de 1962, em Nova York. Entretanto, “o legado de suas palavras e de seu trabalho aparece nas constituições de várias nações e num corpo de leis internacionais em evolução que agora protegem os direitos dos homens e das mulheres por todo o mundo.” (UNIDOS PELOS DIREITOS HUMANOS).

A construção dos Direitos Humanos do Homem e a participação das Mulheres

 A noção de direitos humanos contemplada pelos teóricos da Revolução Francesa no final do século XVIII não descrevia a igualdade tal como a concebemos hoje. O conceito abrangia a ideia de que todos eram iguais perante a lei e exigia que todos os privilégios adquiridos por nascimento, religião ou raça fossem abolidos. Contudo, a noção de igualdade não atingia a esfera privada, o lar, onde as mulheres não eram consideradas seres dotados de razão, nem de direitos. (ARDAILLON, 2002).
A renovação das definições de igualdade, dignidade humana e universalidade ocorrida após a Segunda Guerra Mundial exigia a inserção das mulheres na composição dos direitos humanos, inclusive no espaço privado. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu segundo artigo, proclamou a igualdade de direitos entre todos os seres humanos, independente da cor, língua, raça, religião, origem nacional ou social, opinião política e sexo. Vale ressaltar que, no caso desta última característica, referente ao sexo, Eleanor Roosevelt e as latino americanas da Comissão sobre o Status das Mulheres tiveram considerável contribuição para a introdução desta palavra na declaração. (ÁLVARES, 2015;ARDAILLON, 2002)
         De modo geral, pode-se afirmar que as mulheres contribuíram para o conceito de direitos humanos a partir de duas dimensões: através das contribuições teórico acadêmicas feministas, revalorizando a diferença sexual e a elaboração da concepção de gênero e por meio de contribuições teórico práticas com os movimentos feministas em nível mundial. A nova formulação destes movimentos passou a questionar os paradigmas da modernidade, principalmente a ordem das relações hierárquicas e dos valores, que demonstraram a subordinação da mulher ao longo de toda sua história, sempre excluída dos seus direitos políticos e sociais. (ÁLVARES, 2015). Segundo Alvares:


Da linguagem que estabelece a hierarquia genérica – homens- à questão do acesso à saúde, aos direitos reprodutivos, à sexualidade prazerosa, as mulheres passam a perceber que estão enquadradas num nível de cidadania de segunda categoria. É-lhe negado o direito ao corpo, o direito à escola, o direito á terra, o direito de decidir sobre uma gravidez indesejada, o direito previdenciário (enquanto representante de certas categorias de trabalhadoras, como as pescadoras), o direito ao trabalho, o respeito à sua inteligência, o espaço em que circula. Ao investigar as práticas de violência doméstica e sexual percebe que toda a noção de sujeito centra-se num processo de discriminação sobre seu gênero. (ÁLVARES, 2015, p. 3)


        É desta forma, então, que muitas mulheres, através de suas resistências ao sistema opressor e a compreensão da exclusão de seus direitos, contribuem para reformular a noção de sujeito universal e abstrato, questionando o "etno" e o "androcentrismo" que posiciona o homem ocidental como parâmetro do universal. (ÁLVARES, 2015).

Bibliografia:

ÁLVARES, Maria Luzia Miranda. Os direitos sociais e a discriminação das mulheres. GEEPM, 2015. DisponÍvel em:<Bibliografia I>. Acesso em: 03 mar. 2015.
ARDAILLON, Danielle. A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres (CEDAW): Alicerce da cidadania das Mulheres. II Colóquio de Direitos Humanos. São Paulo. 2002.SEARS, John F. Eleanor Roosevelt and the Universal Declaration of Human Rights. Franklin and Eleanor Roosevelt Institute. Nova York, 2007.
UNIDOS PELOS DIREITOS HUMANOS. Defensores dos Direitos Humanos: Eleanor Roosevelt (1884-1962). Disponível em:<Bibliografia II>. Acesso em: 05 mar. 2015. 

sexta-feira, 6 de março de 2015

A participação das Mulheres nas Guerras do Século XX

Por toda a história da humanidade as ideias de sexo frágil e a posição relacionada ao ambiente privado permeou toda a concepção da mulher. Já o homem, por pertencer a vida pública e política participava diretamente das guerras, pois sua função social era de garantir a sobrevivência e proteção da sua respectiva família.  No início do século XX, essa segregação começa a mudar a partir do momento em que as mulheres se aproximaram das batalhas tanto direta quanto indiretamente. Um marco foi a Guerra Civil Espanhola, na qual as mulheres foram treinadas para o combate direto, o que as tornou essenciais para aquele momento infeliz da história da Espanha. (MIRANDA, 2011)

21-de-julho-de-1936-no-telhado-do-Hotel-Colon-Barcelona
Marina Ginestà (1919-2014) - Militante comunista da Revolução Espanhola
Desde que as guerras passaram a influenciar não apenas nas vidas dos homens, quanto também das mulheres, estas passaram a ter um papel primordial no que se refere ao esforço de guerra. O contexto da Segunda Guerra Mundial não foi diferente dos demais, as mulheres acabaram por conseguir postos que antes eram destinados somente para os homens. A participação das mulheres não se resume apenas as questões relacionada com a medicina (enfermagem), mas também atuando diretamente na logística dentro e fora dos campos de batalha. Em alguns países como a Inglaterra, na qual teve-se uma baixa demográfica durante o período da primeira grande guerra, as mulheres passaram a atuar em funções que antes eram estritamente desempenhadas por homens, tais como motorista de bonde, engenheiras e supervisoras. A Inglaterra foi um dos países pioneiros no que concerne ao reconhecimento do valor das mulheres no âmbito do trabalho (MIRANDA, 2011; NOGUEIRA, 2015).

cm_mulheres_03.jpg
Mulheres japonesas procuram por possíveis falhas nas cápsulas 
vazias em uma fábrica no Japão em 30 se Setembro de 1941.


Bibliografia:
WALTERS, Margaret. Feminism. A very short Introduction. New York: Oxford, 2005
MIRANDA, Francisco. Mulheres na Segunda Guerra - O fim do Sexo Frágil. 2011
Disponível em <Bibliografia 1> Acesso em 05 de Mar. 2015.
NOGUEIRA, Natania. A participação feminina na Segunda Guerra Mundial. História Hoje. 2015. Disponível em <Bibliografia 2> Acesso em 05 de Mar. 2015.

quinta-feira, 5 de março de 2015

As "Suffragettes" e a luta pelo direito ao voto

Emmeline Pankhurst

Christabel Pankhurst
         O termo Suffragette origiou-se do termo “sufraggist” ou sufragista em português, para dar nomes as feministas que ficaram conhecidas no movimento sufragista do século XIX. O movimento começou em 1897 com a fundação do “National Union of Women's Suffrage” pela Britânica Millicent Fawcett que argumentava as mulheres tem direitos de políticos na sociedade, pois se ela são obrigadas a obedecerem leis elas também devem fazer parte do processo de criação dessas leis. Fawcett argumentava assim que as mulheres devem ter os mesmos direitos aos homens, pois mesmos os jardineiros, operários e trabalhadores poderiam votar enquanto as mulheres não detiam esse direito independente de sua riqueza. Apesar de conseguir convencer alguns membros do Parlamento, a maioria dos homens não concordaram com a britânica, dizendo que as mulheres não entenderiam o funcionamento de um parlamento e por isso não deveriam votar. (HISTORYLEARNINGSITE, 2014)
Emmeline sendo presa em Londres em 1914 ao tentar enviar uma petição ao Rei no Palácio de Burckinghan

         Assim, em 1903 Emmeline Pankhurst e suas filhas Christabel e Sylvia criaram o “Women’s Social and Political Union”, uma organização militante que buscava o direito a voto paras mulheres. Enquanto Millicent Fawcet era aversa à violência, pois dizia um protesto violento iria persuadir os homens a pensarem que as mulheres não são confiáveis, a organização de Emmeline estava preparada a usar a violência para chegar a onde queriam. (HISTORYLEARNINGSITE, 2014). 
Apesar de protestos pacíficos, um caso interessante aconteceu quando duas mulheres, uma delas sendo Christabel Pankrust, filha de Emmeline, interromperam uma reunião política dos lideres liberais Winston Churchill e Sir Edward Grey levantando uma bandeira sobre o voto para as mulheres e perguntando se ambos acreditavam que as mulheres deveriam votar. Nenhum dos políticos respondeu à pergunta e ambas foram presas. (HISTORYLEARNINGSITE, 2014). 

          O movimento sufragista e as demandas das Suffragettes pelo direito a voto mostra como essa questão foi central dentro do movimento feminino. O direito a voto foi visto tanto simbolicamente, representando o reconhecimento dos direitos das mulheres á cidadania e como também foi o meio necessário para promover reformas e mudanças na vida das mulheres. Com o início da Primeira Guerra Mundial as Suffragettes pararam a campanha para dar suporte ao governo Britânico na guerra, somente em 1918 mulheres acima de 30 anos poderiam votar, mas a igualdade só veio em Março de 1928 quando todas as mulheres conseguiram direito a voto. (WALTERS, 2005). Além do mais, os finais do XIX e durante todo o século XX o movimento feminista se desenvolve em uma rede de contatos e diálogos internacionais com a homogenização do debate acerca da igualdade entre mulheres e homens. 


Curiosidade 

A Ruby Films e outras companhias estão produzindo um filme sobre o movimento feminista. O filme chamado "Suffragette", tem como atrizes principais Meryl Streep e Helena Bonham Carter e tem previsão de estréia dia 11 de Setembro de 2015. Para mais informações sobre o filme acessse: IMDb

Bibliografia: 

WALTERS, Margaret. Feminism. A very short Introduction. New York: Oxford, 2005
The Suffragettes. HistoryLearningSite.co.uk. 2014. Disponível em:<Bibliografia> Acesso em 5 Mar. 2015

quarta-feira, 4 de março de 2015

Educação e as desigualdades entre gêneros


O PNUD, a ONU Mulheres Brasil e a Secretaria Nacional de Juventude - SNJ fizeram um vídeo para celebrar o mês da Mulher! O vídeo mostra a opinião de algumas mulheres em relação a igualdade de gênero. O vídeo faz parte da série ‪#‎JovensMulheresLíderes‬.


O depoimento das mulheres mostram criticas a sociedade atual, patriarcal e machista e a  necessidade de melhor educação tanto no meio familiar quanto no sistema educacional como ponto importante para a compreensão das desigualdades entre os homens e mulheres. Para as entrevistadas a mulher deve buscar sua posição política e social na sociedade e quanto mais informação e debate sobre o movimento feminismo e a luta das mulheres por mais igualdade entre gêneros, melhor será a relação entre homens e mulheres e melhor será a construção de políticas publicas destinadas a elas.
Em 2014 o Fórum Econômico Mundial (FEM) divulgou uma avaliação entre as diferenças entre homens e mulheres nas áreas de educação, saúde, economia e política entre 142 países dentre eles o brasil que ocupava a 62ª posição e que figura agora a 71ª posição.em 2014 o Brasil perdeu posição em relação.(BELCHIOR, 2014)
Segundo o levantamento, apesar de manter índices de igualdade entre homens e mulheres nas áreas de educação e saúde, as estatísticas mostraram queda na participação feminina na política e na economia. Além da queda de salários e renda pelas mulheres brasileiras, outro critério que fez o país perder posição foi a existência de comportamentos na sociedade brasileira como a construção da mulher para o âmbito privado (ser mãe e dona de casa) e não optam por buscar determinado emprego porque acham que estão abrindo mão de ter uma família. (BELCHIOR, 2014). Apesar do país desenvolver políticas públicas para as mulheres, esse comportamento feminino das brasileiras retrata o machismo e o patriarcalismo da sociedade, que são difíceis de serem descontruídos e no qual o vídeo se propôs a mostrar: A real necessidade de se  demudar valores, emponderar as mulheres e de superação de questões de gênero e o papel importante da educação tem papel importante nesse processo.
Como curiosidade, a pesquisa também mostrou que a mulher brasileira agora entra na política por interesse próprio em participar das instâncias de poder, já que antes só se interessavam quando parentes homens já estavam historicamente na política. Além disso dentre os países analisados, Ruanda ficou na 7ª colocação por possuir grande pontuação em termos de participação política e econômica. Grande parte desse emponderamento das mulheres de Ruanda não vem de políticas públicas e sim mudanças no contexto dos papéis do cidadão. (BELCHIOR, 2014)

Bibliografia:
BELCHIOR, Marcela.  Participação política das mulheres desafia igualdade de gênero na AL. Portal Vermelho. [S.l], 17 nov. 2014. Disponível em:<Bibliografia> Acesso em 04 Abr. 2015