sexta-feira, 24 de abril de 2015

A Presença dos Homens nos Movimentos Feministas

O movimento feminista em todo o mundo luta em geral pela igualdade dos gêneros entre homens e mulheres. As primeiras mulheres a acreditar e propor um feminismo mais sólido entendiam a estrutura do sistema social como machista, patriarcal e muito conservador na qual homens ditavam as regras. Dessa maneira, a maioria dos movimentos feminismo mesmo nos dias atuas é composto em sua maioria por mulheres divididas em aceitar homens nas manifestações e as que se opõe a qualquer intermediação masculina (ARRAES, 2015). Assim, surgiram várias indagações e perguntas sobre a forma que os diversos movimentos feministas deveriam ser vistos: com a presença ou ausência do sexo masculino. Algumas mulheres – mais radicais – acreditam que a presença de homens pode ser maléfica dentro de movimentos e manifestações feministas, visto que o gênero masculino é o que está em uma condição melhor e privilegiada na estrutura social. As mulheres deveriam nesta vertente mais radical de feminismo, também conhecida como “Pró-Feminismo”, aceitando homens que se colocam como feministas, mas com o total protagonismo de mulheres (LAPA, 2013).

É fato que a estrutura social machista pré-estabelecida na sociedade prejudica mulheres e homens – em um sentido mais profundo – pois as tarefas sociais de cada um é valorizada de maneira diferente e randômica, prejudicando mulheres na vasta maioria dos casos. Isso é visto nos diversos exemplos de mulheres no ambiente privado e público (SAMI, 2014).
Entretanto, excluir os homens das manifestações podem em muitas formas comprometer a efetividade dos objetivos feministas, por exemplo a legitimidade masculina – partindo do pressuposto que o homem é o sexo “forte” e está em uma posição social melhor na sociedade. Dessa maneira, a proposta de muitas mulheres é trazer os homens para dentro do movimento e discussões, com intuito de fazer com que constituem uma consciência capaz de reconhecer a estrutura machista e tentar a partir disso mudar em várias atitudes de seu ambiente social (SAMYN, 2013). Esse “novo homem” vai questionar as várias situações machistas no dia a dia, e isso indiretamente pode agir em favor do movimento feminista e na luta de muitas mulheres em todo o mundo (ARRAES, 2015). A importância de envolver homens na temática feminista vem ganhando cada vez mais força na agenda internacional, e um claro exemplo disso foi o discurso da britânica Emma Watson na Organizações das Nações Unidas (ONU) acerca da campanha “He for She”, na tentativa de fazer com que homens do mundo inteiro se envolvam mais na luta contra as desigualdades de gêneros, como observado no discurso abaixo:

“Today we are launching a campaign called for HeForShe. I am reaching out to you because we need your help. We want to end gender inequality, and to do this, we need everyone involved. This is the first campaign of its kind at the UN. We want to try to mobilize as many men and boys as possible to be advocates for change. And, we don’t just want to talk about it. We want to try and make sure that it’s tangible.” (WATSON, 20 de setembro de 2014)

Bibliografia:

ARRES, Jarid. 2015. Homens Feministas: Um Debate em Contrução. Disponível em: <Bibliografia I> Acesso dia 24 de abril de 2015.
LAPA, Nádia. 2013. O Papel dos Homens no Feminismo. Disponível em <Bibliografia II> Acesso dia 24 de abril de 2015.
COLE, Nicky Lisa. Full Transcript of Emma Watson's Speech on Gender Equality at the UN. Disponível em <Bibliografia III> Acesso dia 24 de abril de 2015.
SAMYN, Henrique. Homens Pró-Feminitas: Aliados não Protagonistas. Disponível em <Bibliografia IV> Acesso dia 24 de abril de 2015.
SAMI. 2014 Feminismo para Homens. Disponível em <Bibliografia V> Acesso dia 24 de abril de 2015.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Feminismo no Oriente Médio

         
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         Os movimentos feministas no oriente médio são tão variados quanto seus contextos históricos e sociais. Os pedidos destes movimentos e o engajamento politico são muitos diversos, que é impossível pensar em uma uniformidade. Apesar disto alguns marcos históricos nas lutas das mulheres podem servir de comparação.

Basicamente ocorreram no oriente médio três ondas de movimentos feministas que podem ser consideradas marcos. Nos primeiros anos do século XX, mulheres na Turquia, Irã, Egito, Líbano, Síria e Palestina, se organizaram para reivindicar seus direitos. Estes primeiros movimentos se baseavam nas ideias nacionalistas e modernistas da época, seu papel era trazer a mulher destes países para o domínio publico, e garantir a escolarização de meninas. Esta primeira onda, aconteceu em países nos quais o fundamentalismo islâmico na época não era tão influente, e permitiu as mulheres conseguirem seus direitos de cidadãs. Nessa primeira etapa um dos marcos da luta foi à primeira conferência de mulheres árabes no Cairo em 1944. (LIMA, 2014)
A segunda etapa dos movimentos pelos direitos das mulheres é o chamado feminismo de Estado e acontece entre 1945 e 1980. Governos autoritários como o Irã e o Egito, conferem direitos as mulheres que são assimilados pelos movimentos sociais da época. Esta tática do governo tinha como objetivo cessar com as reivindicações, pois ao mesmo tempo em que os ditadores concediam o direito a voto para as mulheres, eles dissolviam qualquer tipo de organizações feministas. A última onda de movimentos feministas importantes e que nos permite, pensar em como este tipo de luta é diversificado e variado nas suas reivindicações por toda a região, é o feminismo islâmico. Esse terceiro movimento, se apoia em uma releitura do Corão, as militantes denunciam que os textos sagrados são lidos de forma patriarcal e, portanto se mobilizam contra as violências sofridas pelas mulheres nos países mais fundamentalistas da região. Além disto esta terceira onda de movimentos feministas tem uma forte posição contra discriminações sofridas politicas, sociais, econômicas e jurídicas sofridas pelas mulheres.(LIMA, 2014)

Bibliografia:

LIMA, Cila. Um recente movimento político-religioso: feminismo islâmico. Revista Estudos Feministas, 2014.

Você sabia que em alguns países as mulheres conquistaram o direito de voto somente à alguns anos atrás?

article image         Nos dias de hoje, todos nós achamos comum ir a urnas na época das eleições para votar.  Sabemos que todos os brasileiros, mulheres, homens, jovens, adultos e idosos, têm direito ao voto. Porém, o direito de voto das brasileiras foi conquistado através de muita luta e somente regulamentado em 1934. Atualmente no Brasil as mulheres votam e são votadas, mas no mundo ainda existem países nos quais as mulheres não têm esses direitos garantidos ou conquistaram esses direitos somente há alguns anos atrás, enquanto a maioria já os apresenta desde o século XIX.

Por vários, anos as mulheres foram marginalizadas e excluídas por uma sociedade de bases patriarcais e machistas. Entretanto, após vários anos e um longo período de espera e submissão, as mulheres despertaram e passaram a lutar pelos seus direitos políticos e sociais.
Enquanto o primeiro país a conquistar direito ao voto feminino foi a Nova Zelândia em 1893, seguida pela Austrália (1902) e Finlândia (1905), as mulheres sul-africanas só conquistaram seus direitos com o fim do apartheid em 1994. (XAVIER, 2006).  Em 1999 as mulheres também puderam votar no Qatar. Nos dias da votação na capital Doha, a quantidade de mulheres era superior aos homens e, segundo uma qatariana: "Nossas mulheres são mais educadas que os homens e têm mais ansiedade por mudanças". O Qatar foi, na época, visto como um inovador no Golfo Pérsico, região em que a liberdade política ainda não tinha chegado à população. (MULHERES..., 1999).
no Kuwait, as mulheres conquistaram seus direitos em 2006. As eleições parlamentares desse mesmo ano no país foram as primeiras nas quais as mulheres tiveram direito de votar e de se candidatar. Dos 252 candidatos, 28 eram mulheres. (REGIME...,2006). Por fim, na Arábia Saudita, o rei Abdullah, anunciou que a partir de 2015 as mulheres sauditas poderão votar e se candidatar em eleições locais para o conselho que supervisiona o legislativo das regiões do país. O anuncio é um grande passo tanto para o aumento da participação política feminina quanto para o avanço dos direitos humanos no país (CORRALES, 2014). 

Bibliografia:

CORRALES, Pedro. Uma mulher na Arábia Saudita (usando hijab, claro) Brasil Post. 07 Mar. 2014. Disponível em: <Bibliografia I> Acesso em: 22 Abr. 2015
MULHERES do Qatar votam e se candidatam pela primeira vez. Folha de São Paulo. 9 Mar. 1999. Disponível em:<Bibliografia II> Acesso em: 22 Abr. 2015
REGIME do Kuwait permite pela 1.º vez o voto feminino. 26. Jun. 2006. Vermelho.Org Disponível em:Bibliografia III Acesso em: 22 Abr. 2015
XAVIER, Aline de Figueiredo. A Bancada Feminina da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais no Período de 2003-2005. Universidade Católica de Minas Gerais. 2006. Disponível em:<Bibliografia IV> Acesso em: 22 Abr. 2015

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Carlota Pereira de Queiroz: A primeira Deputada Federal do Brasil


Carlota Pereira de Queiroz (1892-1982), primeira mulher brasileira a ocupar o cargo de Deputada Federal no Brasil, eleita pelo Estado de São Paulo em 3 de maio de 1933, pela “Chapa Única por São Paulo Unido!”. Foi também a única mulher a assinar a Constituição de 1934, ao lado dos outros 252 constituintes, todos homens. Sua trajetória foi marcada pela grande importância dada por ela para que os anseios femininos pudessem chegar ao Congresso Nacional. (SCHPUN, 1999).

Carlota ingressou como membro titular da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, atualmente denominada Academia de Medicina de São Paulo, em 1º de Abril de 1941. Pertenceu também a Association Française pour l'Étude du Cancer, Academia Nacional de Medicina de Buenos Aires e em 1942, se tornou a primeira médica honorária da Academia Nacional de Medicina. (BEGLIOMINI, 1941).Em 1932 já dirigia o Departamento de Assistência aos Feridos (DAF) e é com esta reputação e seu prestígio perante as instituições filantrópicas que Carlota, em 30 de Março de 1933, é indicada pela Associação Cívica Feminina (ACF) para compor a Chapa Única por São Paulo Unido. (SCHPUN, 1999).
Como parlamentar, Carlota lutou pela defesa dos direitos da mulher, pelo fim da miséria e pelos direitos das crianças, especialmente aquelas abandonadas. Trabalhou também com a finalidade de promover melhorias educacionais, criando o primeiro projeto de serviços sociais no Brasil. Quando integrou a Comissão de Saude e Educação, seus trabalhos eram destinados a alfabetização e a assistência social. (BEGLIOMINI, 1941).
Carlota foi ainda responsável pela emenda que tornou viável a criação da Casa do Jornaleiro e o Laboratório de Biologia Infantil, redundando no “primeiro decreto brasileiro que obrigava a destinação de verbas públicas para o atendimento da miséria e de todos os problemas dela derivados.” Além disso, ela também reivindicava melhorias para as mulheres no Brasil, advogando também igualdade social, propostas presentes nos diversos artigos em que publicou. (BEGLIOMINI, 1941).
A importância e as conquistas desta mulher para os direitos femininos se refletem atualmente nas diversas homenagens dedicadas a Carlota. Ela é honrada como patronese da cadeira 71 da Academia de Medicina de São Paulo, possui um monumento em sua homenagem na Praça Califórnia, em São Paulo, no bairro Pinheiros; tem seu nome em uma avenida no Distrito de Socorro, Zona Sul da cidade e também a uma Escola Municipal de Educação Infantil, na Zona Leste. É também honrada com uma rua em seu nime no bairro Cajuru, em Curitiba (PR). (BEGLIOMINI, 1941).

Bibliografia:

BEGLIOMINI, Helio. Carlota Pereira de Queiroz. 1941. Disponível em:<Bibliografia I>. Acesso em: 21 Abril. 2015.
SCHPUN, Mônica Raisa. Entre feminino e masculino:a identidade política de Carlota Pereira de Queiroz. 1999. IV Congresso da BRASA – Brazilian Studies Association –, Washington D.C.

Feminismo na Índia: Gulab Gang

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O Gulabi Gang é um grupo de mulheres indianas ativistas que surgiu no norte da Índia como uma resposta ao aumento da violência doméstica contra a mulher.

O grupo é um grande exemplo de união e solidariedade entre as mulheres indianas. A luta do grupo é composta de um ativismo real, que se empenha em questionar as condições atuais da mulher indiana e também oferecer suporte aquelas ameaçadas pela violência domestica cotidiana. A fundadora do Gulagi Gang, Sampat Pal Devi explica que ser mulher na Índia não é uma experiência muito agradável, a violência contra a mulher no país é explicita. Ela é evidenciada pela intensidade das agressões e torturas, pela grande quantidade de estupros e o crescente numero de rejeições aos bebes do sexo feminino.(KRISHNA, 2010)
A subjugação da mulher indiana depende de sua classe social, mas de modo geral a essência das proibições e concessões continua a mesma. As mais jovens e pobres não podem estudar, e as mais ricas são obrigadas a fazê-lo. Nem o fato de uma mulher sem bem-sucedida profissionalmente acaba com a subjugação, muitas mulheres são obrigadas a aceitar casamentos forçados e acabam tendo como único papel relevante na sociedade, o de gerar filhos para sua família. A luta do Gulabi Gang, portanto nesse tipo hostil de sociedade se estende de um ativismo real, até a representação politica formal, dando um passo de cada vez devido a sua obvia dificuldade de inserção, mas atuando como uma importante instituição de defesa e proteção das mulheres.(KHAN, 2010)

Bibliografia:
KRISHNA, Geetanjali. The power of pink. Business Satndard, 2010.
KHAN, Amana Fontanella. Wear a Pink Sari and Carry a Big Stick. Slate Magazine, 2010

terça-feira, 21 de abril de 2015

O Movimento Feminista e as Relações Internacionais

Como muitos já sabem, o feminismo é um movimento político, social e filosófico que tem como objetivo de promover a igualdade de direitos entre homens e mulheres por meio do emponderamento feminino.

Dentre suas discussões principais estão questões como:
- A dominação masculina e patriarcalismo: O movimento busca conceder a mulheres condições e direitos similares aos homens denunciando o caráter de dominação e patriarcal masculina que existe no mundo.
- As questões de gênero: O feminismo critica a teoria essencialista de gênero que coloca a diferença entre o feminino e o masculino como algo inato, biológico. O movimento propõe outras definições: Independente de qualquer base biológica, o gênero é uma identidade, uma reflexão de como o individuo vê a si mesmo e com a sociedade.

           A partir dessas considerações, as feministas de Relações Internacionais  consideram que o mundo é socialmente construído por relações de poder (assimetria) que demonstram uma lógica  de dominação masculina, ou seja, a estrutura  social do mundo é machista. Nesse sentido, tal lógica de dominação masculina é levada para os estudos das Relações Internacionais, pois os teóricos de RI observam e interpretam o mundo através essa ótica da dominação. Assim, as teorias de RI confirmam a dominação masculina no mundo. (REIS, 2007)


A divisão entre os espaços público e privado: atribuição de identidades generificadas


As feministas acreditam que essa divisão espacial limitou, por muito tempo, o acesso das mulheres ao mundo considerado público.
A “realidade” analisada pelas Relações Internacionais abrangeu apenas o mundo público – da política, economia e da guerra, esquecendo-se do mundo privado. (REIS, 2007)
Segundo Reis (2007), o feminismo propõe:
(1) Necessidade de se investigarem as conexões entre o público e o privado
(2) Levar em conta níveis não-institucionalizados do mundo privado onde a política também pode ocorrer dando assim, uma possível visibilidade à atuação feminina.

Bibliografia:

REIS. Sarah de Freitas. A POLÍTICA INTERNACIONAL SOB AS LENTES DO “GÊNERO”: contribuições do feminismo às Relações Internacionais Marília, Junho de 2007  Disponível em:<Bibliografia I> Acesso em: 20 Abr. 2015

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Aminata Touré e as Mulheres Africanas

Aminata Touré (1962)
 Nos últimos anos, a África de modo geral tem passado por muitos movimentos de caráter político/feminista se comparados com toda a história da luta das mulheres pela igualdade de gênero no continente. O mais recente e importante deles que se chama a “Década da Mulher na África”, teve início em 2010 e vai até o ano de 2020 com objetivos de melhorar a qualidade de vida da mulher em vários parâmetros, seja ele econômico, político, cultural, familiar e até ambiental. Tal projeto tem o apoio da União Africana e de outras instituições internacionais, mostrando-se muito importante. De acordo com Celena Green da instituição Vital Voice, pioneira na luta dos Direitos Humanos, não se sabe se o movimento vai finalizar 2020, mas haverá ganhos e é promissor que o progresso decorrente do movimento seja rápido em comparação aos recentes anos.” (A INICIATIVA DA DÉCADA..., 2015)
A realidade das mulheres nos diversos países africanos não é das melhores no mundo. É muito recorrente a mídia e as diversas instituições internacionais divulgar dados e relatórios sobre o problema social que gira em torno da mulher nos países da África. Fazendo uma síntese podemos ver que a maioria das mulheres africanas não possuem educação, não pelo fato de não haver escolas, mas sim pelo fator cultural que as proíbem estudar. Outra questão muito importante que se refere ao fator cultural é as mutilações do clitóris feminino – na infância ou na adolescência variando de cultura para cultura – que ainda ocorre recorrente em diversos países, levando a morte de várias mulheres. Ademais, em algumas culturas existem o que é chamado de “Casamento Obrigatório” retirando qualquer liberdade de escolha da mulher. Entretanto há outras questões que devem ser levadas em conta, uma delas de cunho social, é observado nos diversos casos de violência física a mulher. Outro exemplo, de caráter econômico, pode ser analisado no tráfico de mulheres na África Subsaariana (JUSTO, 2014; O FEMINISMO EM ÁFRICA, 2014).
           Como mostrado acima, os problemas das mulheres no contexto social-cultural na África são gravíssimos, demandando mudanças urgentes. Umas das pessoas que almejam e atua para acontecer tais mudanças é a senegalesa Aminata Touré que alcançou no ano de 2013, o cargo de ministra no Senegal. Touré luta contra a corrupção no país e propõe uma reforma na constituição. Além do mais, sua passagem pela Organizações das Nações Unidas em desde 1995 a 2010 foi extremamente importante pois teve a oportunidade de desenvolver projetos em conjuntos com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Touré teve a oportunidade de assessorar o programa “Gênero e HIV" na África Ocidental, realizando vários trabalhos de planificação familiar e combate a AIDS no continente (PAN, 2014; TRAORÉ, 2013).
O que Touré representa? Muita coisa. A primeira delas é mostrar para as mulheres africanas que é possível ascender em uma sociedade machista. A segunda é a maneira que Touré ao considerar e tratar dos diversos problemas às mulheres na África, ela conseguiu elevar tais problemas para a agenda de organizações internacionais. A ativista política foi capaz de divulgar a questão da mulher africana no contexto mundial, mostrando problemas que muitos não enxergavam, como por exemplo o ganho político de uma mulher na África é muito mais baixo relacionado com o sexo oposto. Dessa maneira, Touré se tornou um símbolo na luta da mulher por melhorias na África e, indiretamente,  alterou a maneira como as próprias mulheres pensam da  figura da mulher africana e do feminismo no continente.

Bibliografia:
A INICIATIVA da Década da Mulher Africana e o seu Progresso Actual. Voz da America. 10 Abr. 2015. Disponível em:<Bibliografia I> Acesso em: 10 Abr. 2015.
O FEMINISMO em África. Blogueiras Negras. 2014. Disponível em:<Bibliografia II> Acesso em: 10 Abr. 2015.
PAN, Montserrat Barba. Aminata Touré, nueva primera ministra de Senegal. Feminismo About. 2014. Disponível em:<Bibliografia III> Acesso em 10 Abr. 2015
TRAORÉ. Saliou. Aminata Touré, a "Dama de Ferro" do Senegal quer acabar com a corrupção. Opera Mundi. 8 Set. 2013. Disponível em:<Bibliografia IV>  Acesso em: 10 Abr. 2015
JUSTO, Gabriella. O Feminismo na África. 2014.  Disponível em:<Bibliografia V> Acesso em: 10 Abr. 2015

Bertha Lutz e os Direitos Políticos das Mulheres no Brasil

 
 Bertha Maria Julia Lutz (1894-1976) é um ícone da historiografia feminista no Brasil. Zooóloga de profissão, a paulistana  que estudou na Europa e voltou ao Brasil em 1918, lançou as bases para o feminismo no Brasil.
Em 1919, Lutz tornou-se secretária do Museu Nacional do Rio de Janeiro, fato que teve grande repercussão, já que o acesso ao funcionalismo público ainda era vedado às mulheres. Já em 1922, representou o Brasil na assembléia geral da Liga das Mulheres Eleitoras, nos Estados Unidos, sendo eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. De volta ao Brasil, fundou a Federação para o Progresso Feminino, iniciando a luta pelo direito de voto para as mulheres brasileiras. Na Organização Internacional do Trabalho, discutiu problemas relacionados à proteção do trabalho feminino. Em 1933, bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro e publicou “A nacionalidade da mulher casada”, na qual defendia os direitos jurídicos da mulher. (FGV, 2001)
Após a Revolução de 1930, o movimento sufragista conseguiu grande vitória com o direito de voto feminino no país. Dois anos depois Bertha participou  do comitê elaborador da Constituição (1934) e garantiu às mulheres a igualdade de direitos políticos. Após o fato, a paulistana iniciou sua carreira politica defendendo mudanças da legislação referentes ao trabalho da mulher e do menor, a isenção do serviço militar, a licença de três meses para a gestante e a redução da jornada de trabalho, então de 13 horas. Sua carreira política se encerrou no ano seguinte, 1937, quando Vargas decretou o Estado Novo. (BRASIL.GOV, 2012). Lutz morreu no Rio de Janeiro, em 1976.
Ao longo dos séculos,  as mulheres tiverem que travar uma luta incessante para conseguirem se firmarem como cidadãs portadoras de direitos. No Brasil, as constituições do Império (1824) e da República (1891) não lhes concederam o direito de votar e nem de serem votadas. Uma situação que persistiria até as primeiras décadas do século XX. (BUONICORE, 2015).
Em meados do século XIX e inicio do século XX, as mulheres brasileiras começaram a tentar romper o cerco que as impediam de conquistar seus direitos políticos. O voto feminino foi um dos temas tratados pelos deputados que elaboraram a primeira constituição republicana (1891). Contudo, o resultado final acabou não especificando a situação política da mulher, pois não proibia explicitamente o voto feminino, mas também não o garantia de maneira cristalina.(BUONICORE, 2015)
 A partir da ambiguidade no texto da constituição, as brasileiras tentaram ao longo dos anos se alistar como eleitoras. Em 1910, diante das constantes recusas, algumas mulheres de vanguarda formaram o Partido Republicano Feminino. Ainda que pequeno, ele mostrava o grau  de consciência e organização atingido pelas mulheres brasileiras no início do século XX. É nessa época que surge a figura de Bertha Lutz como ponto de partida importante para o movimento feminista  brasileiro e para a conquista dos direitos políticos das mulheres. Ao se envolver na luta pelo voto feminino, Lutz mostrou como as mulheres brasileiras são subjugadas e desrespeitadas em comparação com as mulheres da Europa. A intelectual ainda conseguiu aprovar o principio de salário igual para o trabalho, sem distinção de sexo na reunião do Conselho Feminino da Organização do Trabalho em 1919. Em 1922, criou primeira entidade feminista brasileira com expressão nacional e internacional que tinha objetivos como assegurar à mulher os direitos políticos que a nossa constituição lhe confere. (BUONICORE, 2015)
Nesse sentido, Bertha Lutz foi responsável por ações políticas que resultaram em leis que deram direito de voto e igualdade de direitos políticos às mulheres brasileiras no  século XX.  A sua trajetória de vida, contada acima, mostra como ela foi pioneira do movimento feminista no país através da militância política e científica e do contato com  movimentos feministas da Europa e dos Estados Unidos. (BRASIL.GOV, 2012)

Bibliografia:

BUONICORE, Augusto. As mulheres e os direitos políticos no Brasil. 2015. Portal Vermelho Disponível em: <Bibliografia I>. Acesso em: 9 Abr. 2015
BRASIL. Cidadania e Justiça - Bertha Lutz. Portal Brasil. 2012. Disponível em:<Bibliografia II>
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001. Disponível em:<Bibliografia III> Acesso em: 9 Abr. 2015

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Dina Kawar: A primeira mulher árabe a presidir o conselho de segurança da ONU

A embaixadora da Jordânia Dina Kawar foi eleita a primeira mulher árabe a presidir o conselho de segurança da ONU. Antes de ser nomeada ela era embaixadora da França 2001-2013, e ao mesmo tempo possuía credenciamento das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e junto à Santa Sé, desde 2002. De 2005 a 2013 ela também atuou mediando as relações de seu país com Portugal e o Vaticano. De 2000 a 2001, Kawar foi diretora do departamento de Bureau Privé de Sa Majestéle do Rei Abdullah II em Paris, sendo que anteriormente chefiou o escritório do Príncipe El Hassan, de 1991 a 2000, também em Paris. De 1985 a 1990, serviu no escritório Amman da Mesa. Kawar possui mestrado e diploma de bacharel em Relações Internacionais e estudou na universidade de Columbia e na Mills College, ambas situadas nos EUA. (UNITED NATIONS, 2014). Após quase 70 anos de história, o Conselho de Segurança da ONU será presidido por uma mulher árabe. Dina e mais 3 mulheres fazem parte do Conselho, que no ano de 2014 obteve a maior presença feminina de sua história, com seis representantes permanentes. (MULHER ÁRABE...,2015)

Ao longo dos séculos e após varias lutas, as mulheres tem tomado seu lugar de direito na sociedade, direito de serem tratadas de igual para igual. Por meados do século XX elas já lutavam pelo alcance de igualdades jurídicas, direito ao voto e participação como cidadãs. Hoje percebemos como muitas mulheres têm exercido várias funções importantes em nossa sociedade, funções que antes eram destinadas apenas a figuras masculinas. Dina Kawar é uma dessas mulheres que ocupa um importante cargo, ela foi eleita como a primeira mulher árabe a presidir o Conselho de Segurança da ONU, cargo que antes era voltado apenas para membros do sexo masculino.  Assim, Kawar se comprometeu a representar não somente seu país, mas também todas as mulheres árabes, que na maioria das vezes são estereotipadas, vistas como submissas e frágeis. Talvez Dina possa mudar um pouco esse quadro e mostrar que através do esforço qualquer pessoa, sendo mulher ou homem, é capaz de ser o que quiser, promovendo a busca por uma igualdade de gênero. (EM 25 ANOS...,2015)

Bibliografia:

MULHER árabe preside pela primeira vez Conselho de Segurança da ONU. G1. 03 Abr. 2015 Disponível em: <Bibliografia I>. Acesso em: 8 Abr. 2015
EM 25 ANOS, dobra número de mulheres no comando de países em todo o mundo. OPERA MUNDO. 7 Fev. 2015. IDisponível em:<Bibliografia II>. Acesso em: 8 Abr. 2015
UNITED NATIONS. New Permanent Representative of Jordan Presents Credentials. 2014 Disponível em:<Bibliografia III>. Acesso em: 8 Abr. 2015